Saudade
- Demerval Bruzzi
- Dec 28, 2015
- 2 min read

De forma simplificada a palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão).
Já solidão por sua vez, é um sentimento.
E sentimento é algo que “sentimos” ao vivenciar algo.
Assim, ao vivenciarmos uma profunda sensação de vazio, estaríamos sentindo solidão ou
saudade?
Provável saudade, uma vez que solidão não necessariamente significa isolamento, ou estar
sozinho. Muitas vezes estamos cercados de pessoas, amigos ou não, e estamos mais sozinhos
do que se realmente estivéssemos sem ninguém por perto.
A saudade dói mais...
Talvez discordem os psicólogos ou psicanalistas, dizendo que a solidão é o mal da alma, o
sentimento encoberto por algum trauma escondido no fosso de nosso inconsciente.
A saudade não tem cura, não tem remédio, e em alguns casos não dá nem esperança de um
futuro melhor, sem saudade a se sentir.
A saudade é romântica, traz lembranças que nos faz sorrir ou chorar.
Implacável, não tem tempo nem hora para chegar, muito menos para sair.
Deixa estragos por onde passa, pois por melhor que seja a saudade, ela é o sentimento da
falta.
A falta de algo que um dia foi, e não é mais.
A saudade remete ao passado, mas é presente e se pode esperá-la novamente no futuro.
A saudade retarda o tempo, seja nos álbuns de fotografia esquecidos no fundo de alguma
gaveta ou armário, ou nos encontros, de pessoas que por anos se desencontraram.
A saudade abre feridas que tanto tentamos fechar. Deixa marcas que tentamos apagar.
É contraditória em sua própria essência, pois se por um lado nos traz de volta o tempo
passado, do outro deixa a solidão.
A saudade ressuscita;
A Saudade emudece;
A Saudade acende o fogo da paixão;
A saudade é o acalento dos que ficam.

É palavra única de nosso idioma. Não tem igual tradução mundo afora, sua mais próxima
semelhança vem longe, vem de Gales onde se diz como saudade "Hiraeth".
A saudade é memória, é história que nos faz contar estórias de nossas vidas já vividas,
divididas com alguém ou com algo.
E por falar em estórias, palavra utillizada pelo saudoso Joao Ribeiro, me recordei agora de meu tempo de criança, do cheiro do café e da broa deliciada a baira do fogão de lenha, numa
manha fria em Aracitaba...
Aiii! que SAUDADE....
Prof. Ms. Demerval Guilarducci Bruzzi
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