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O casamento entre Trump e os EUA

  • Bruno dos Santos Costa
  • Jul 31, 2017
  • 8 min read

A seguir, apresentamos algumas reflexões astrológicas, usando os mapas de Donald Trump e dos Estados Unidos para explorar um pouco o significado dos astros e dos signos, e o que isso tudo representa num âmbito coletivo.


Sol e Urano em Gêmeos na Casa X


O mapa de Donald Trump já sugere uma figura que facilmente captura o ‘olho público’ (Casa X), causando ‘controvérsias’ (Urano) ao expressar-se ‘verbalmente’ (Gêmeos). A Casa X nos fala de como tendemos a nos comportar em público, quando os outros podem nos ver (por oposição à Casa IV, que fala do comportamento na privacidade do lar), e, apesar de encontrarmos o signo de Touro na cúspide da Casa X, o Meio do Céu, predominam claramente no mapa de Trump o Sol e Urano conjuntos em Gêmeos.


Gêmeos, na mandala zodiacal, representa a etapa do desenvolvimento em que aprendemos a ‘linguagem’, ou seja, o momento em que passamos a copiar os sons que as pessoas emitem a nossa volta. A partir daí começamos a ‘falar’ e, mais tarde, a ‘ler’ e ‘escrever’. Por isso associamos o signo às ‘escolas primárias’ e aos ‘cursos rápidos’ – é lá que aprendemos, ‘repetindo’ o que nos é passado. É apenas mais adiante, no ensino médio e na universidade, que geralmente passamos a ‘questionar’ aquilo que copiamos.


Para Gêmeos, ambos os lados da moeda são igualmente válidos – como sugerido pela imagem associada ao signo. É ‘curioso’ que o símbolo de Gêmeos expresse uma ‘dualidade’, pois o signo é o terceiro do zodíaco, e é a partir de onde passamos a ‘triangular’ as informações, ou seja, a analisar, a partir de um ‘terceiro’ ponto, dois pontos opostos.


Aqui temos um bom exemplo da necessidade de se explicar exatamente do que falamos quando usamos uma das palavras associadas aos signos. No caso, Gêmeos é frequentemente ligado à ideia da ‘mentira’, mas é preciso entender exatamente o é que dizemos quando falamos mentira. Para Gêmeos, não há uma tentativa de engano, de manipulação, pois não há julgamento moral em relação às alternativas – ‘verdade’ e ‘mentira’. Ambos são igualmente válidos, verdadeiros. É apenas em Câncer que realmente fazemos uma ‘escolha’ entre um dos lados, uma decisão profunda e não meramente uma cópia do que dizem os outros.


Como os pais (representados pelo eixo Capricórnio – Câncer) são, inicialmente, idealizados pelos pequenos, tudo o que dizem é verdade, mesmo que não condiga com a realidade. Os irmãos, no entanto, não usufruem desse status em nosso psiquismo. É com os irmãos, ligados ao signo de Gêmeos, que aprendemos que o que falamos não é necessariamente a mesma coisa que os fatos reais.


No caso de Donald Trump, seu mapa sugere claramente que ele fala sem realmente dizer nada. Está apenas repetindo o que já ouviu por aí, copiando e colando sem o menor pensamento por trás. É claro que não podemos saber o que ele realmente está pensando, pois não temos acesso ao psiquismo de Trump, mas podemos certamente falar de como se comporta em público: como uma criança, que repete cegamente o que os adultos estão falando, sem ter a menor ideia do que realmente está dizendo.


A presença de Urano tende a criar ‘rupturas’ maiores ainda. Percebe-se uma clara ‘polarização’ resultante do ‘sucesso’ de Trump, uma eletricidade palpável entre seus defensores e seus opositores. Ora, não podemos esquecer que Trump, além de sua individualidade, é uma representação pública de assuntos que afetam toda a sociedade – Urano é transsaturnino, ou seja, um astro que opera além da individualidade consciente de cada um. Os ‘choques’ causados por Trump são uma manifestação da ‘carga magnética’ de sua sociedade.


Uma das críticas mais comuns sobre Trump está relacionada a sua ‘hipocrisia’, ou seja, o fato de dizer algo hoje que contradiz o que ele disse no passado. Mas estamos lidando aqui com uma pessoa que não tende a tomar ‘decisões morais’, meramente diz o que é mais útil naquele momento e naquele lugar. Após o fato, o que foi dito deixa de existir também. As palavras são sempre ‘vazias’.

As pessoas devem ser julgadas por seus atos e suas decisões morais, e não por suas ideias ou palavras. As palavras podem ser manipuladas da forma que bem entendermos, e as ideias moldadas para defender qualquer objetivo. Trump ainda tem Júpiter em Libra fazendo trígono a seu Sol/Urano em Gêmeos, o que sugere que sempre encontrará uma razão, uma desculpa, um motivo, uma explicação para tudo que faz, pouco importa quão nefasto seja.


Mercúrio em Câncer quadrado a Netuno em Libra


O dispositor do Sol de Trump é Mercúrio, que está em Câncer na Casa XI. A princípio a posição é boa, pois encoraja o geminiano a seguir adiante e passar para o signo seguinte: em Gêmeos, não há ‘verdades’ e ‘mentiras’, apenas diferentes pontos de vista; é apenas em Câncer que fazemos ‘escolhas morais’. Ora, como sempre lembramos, os signos são meras ideias, abstrações, ao passo que as casas indicam as áreas concretas de nosso psiquismo e de nossa vida real. No caso de Trump, o Mercúrio em Câncer, em vez de encorajá-lo a tomar ‘decisões’ morais, leva-o o de volta à Casa X, a partir de onde age como ‘robô mentiroso’.


A grande questão é que, com Mercúrio em Câncer, Trump causa a impressão – pública – de que realmente está falando sobre seus verdadeiros ‘sentimentos’, mesmo que na verdade esteja apenas falando o que é conveniente na hora. A Casa XI, onde está Mercúrio, é a casa das grandes ‘abstrações’, além de ser a casa da ‘comunicação’ com a sociedade. Trump tem então grande facilidade para lidar com o ‘público’, pois consegue parecer honesto, pouco importando suas verdadeiras opiniões.


Uma das dificuldades do signo de Câncer é a aceitação de que toda ‘escolha’ é na verdade uma ‘perda’ – quando decidimos entre duas ou mais alternativas, estamos perdendo todas as alternativas que não escolhemos. É a ‘aceitação’ do fato que nos permite navegarmos o signo com tranquilidade – se não aceitamos as perdas nas escolhas, fazemos o possível para manter todas as possibilidades vivas.


Considerando ainda que Trump tem a Lua na Casa IV, sua casa natural (pois a Casa IV corresponde ao signo de Câncer), acreditamos que ele realmente sabe o que está fazendo, pois está em contato ‘intímo’ com os sentimentos gerados pelas perdas de Câncer (e dos signos do elemento Água de maneira geral – a Água é a ‘subtração‘). No entanto, encontrou uma forma de não deixar ‘transparecer’ suas verdadeiras intenções, pois ele nunca tarda a dizer o contrário do que havia dito antes.


Essa característica é reforçada pela quadratura que Mercúrio faz a Netuno em Libra – até o aluno de Introdução à Astrologia consegue associar esse aspecto à ‘mentira’ e à ‘enganação’. O que não podemos esquecer é que um ‘talento’ para a mentira, digamos, não é necessariamente ‘ruim’ ou ‘maléfico’ – seria um ótimo aspecto para um mágico, por exemplo, que usa a ilusão para ‘entreter’ e ‘divertir’. Infelizmente, no caso de Trump, parece que esse talento não é usado para o benefício dos outros – certamente não para os que não fazem parte da elite.

Isso não significa, é claro, que ele necessariamente faz tudo em benefício próprio. Os três planetas em Câncer na Casa XI (Mercúrio, Vênus e Saturno) sugerem que Trump tem uma noção totalmente idealizada do significado de ‘pátria’. Essa ideologia patriótica (e os Estados Unidos são um país bastante canceriano, como pode ser visto acima) é uma mera ‘racionalização’ que justifica suas decisões. Sua atitude em relação aos imigrantes, por exemplo, está certamente embasada, no imaginário de Trump, em uma noção deturbada de “proteger a pátria” – e não adianta falar sobre sua família imigrante, ou sobre os verdadeiros nativos da América do Norte, tudo será racionalizado como sendo “pelo bem da pátria”.


Se fizermos a sinastria entre os mapas de Trump e dos EUA, percebemos que os astros de Trump que citamos acima caem todos na Casa VII/VIII dos EUA, tornando-o uma excelente representação do ‘inimigo declarado’ dos EUA. A questão é justamente essa: Trump é uma figura tão ‘polarizante’ porque ele é um ‘gancho’ extremamente fácil para a projeção por parte dos americanos, sobretudo em relação aos aspectos do país (que nada mais são do que uma representação dos aspectos das pessoas que lá habitam) que são negados, rejeitados, etc.


Trump é, simplesmente, o ‘inimigo perfeito’. Ao mesmo passo em que ele representa simultaneamente “tudo que está errado com os EUA” e “os verdadeiros valores da América”, tudo em relação a ele fica no campo da ‘ideologia vazia’. Ideias e abstrações são discutidos eternamente, impedindo que os detratores de Trump vejam as condições miseráveis da população que não vive nos grandes centros urbanos e que seus apoiadores enxerguem a forma em que estão sendo enganados por um sistema que apresenta ameaças por todos os lados. Trump é um circo que dificulta o diálogo por distanciá-lo do real.


No final das contas, tanto o trabalhador comum quanto o imigrante acabam se dando mal. Percebe-se no discurso anti-Trump, muitas vezes, uma generalização em relação a seus apoiadores, são xenófobos, racistas, misóginos. Mas vários dos municípios que votaram em Trump esse ano votaram no Obama em 2008/2012. O mesmo problema surge do outro lado: o suposto sofrimento dos homens brancos, que sempre ocuparam uma posição de privilégio, mascara todo o sofrimento que já foi causado por esses homens brancos abusando das outras camadas da sociedade.


Saturno em trânsito


Trump é uma figura perigosa não apenas por suas próprias características, mas também por representar as características perigosas dos próprios EUA. Há uma enorme tendência lá a se viver ideias vazias, às custas de experiência real da vida. Esse contraste é muito nítido na relação dos americanos com os militares: no ideário coletivo, os militares são grandes ‘heróis’ que sacrificam suas vidas pelas pátrias; na realidade concreta, uma enorme parcela de ex-militares é sem-teto, ou sofre de inúmeros transtornos físicos e psicológicos. Zilhões de dólares são gastos em tecnologia militar enquanto pontes e estradas desmoronam.


E os próximos meses e anos certamente serão um tempo em que os americanos deverão enfrentar diversos de seus ‘demônios’, boa parte deles representada por Trump. Saturno já está passando pela Casa I dos EUA, tendo atravessado o Ascendente recentemente. Como Saturno é o regente de Capricórnio, por onde passa Plutão (tanto no mapa natal dos EUA quanto hoje em dia), todos os ‘podres’, toda a ‘sujeira’ varrida para debaixo do tapete estarão à plena vista.


Saturno, astro ligado a Capricórnio e à Casa X, pode ser considerado o grande ‘vilão’ da história contada pelo mapa. Esse vilão, é claro, não é algo ‘externo’, mas uma mera representação de aspectos ‘internos’ que precisam ser vivenciados. Não foi Trump que implantou o racismo e a xenofobia e o machismo: ele simplesmente permitiu que isso tudo viesse à tona. Tudo isso já existia nos EUA, mas estava em boa parte apenas escondido.


E certamente os tempos também não serão fáceis para o próprio Trump, já que Saturno em Sagitário fará, bem lentamente, não apenas oposição a seu Sol/Urano em Gêmeos, como também passará em conjunção a sua Lua em Sagitário. Sua presidência deve ir mais tranquilamente nos momentos iniciais, pois ele vive seu retorno de Júpiter (que já faz aspecto harmonioso ao Sol no mapa natal) – apesar que um astrólogo sugeriria a Trump tomasse bastante cuidado com ‘excessos’ de ‘arrogância’ e ‘prepotência’.


No entanto, Júpiter ficará retrógrado em breve, tomando de volta diversas ‘bençãos’ que cedeu a Trump, enquanto Saturno virá para ‘acertar as contas’. Parte da estratégia de Trump foi justamente de polarizar a população, mas quanto mais aliados ele convence, mais inimigos ele cria. Em todo caso, está muito claro que os tempos estão tão caóticos que até as plutocracias mais profundas e escondidas estão brigando ferrenhamente entre si.


E tudo isso é apenas um prelúdio à última grande conjunção de Júpiter e Saturno em signos do elemento Terra. Após esse último evento em Capricórnio, no finalzinho de 2020, as conjunções entre os astros passarão a ocorrer em signos do elemento Ar. Será o fechamento de um ciclo que começou séculos atrás, então tudo aquilo que não foi resolvido em relação a esse período, no âmbito social de Júpiter e Saturno, virá à tona ao mesmo tempo. Está na hora das sociedades pagarem suas dívidas.



Bruno dos Santos Costa, astrólogo

 
 
 

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