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Bem-estar animal

  • Maria Luísa Macedo
  • Feb 22, 2016
  • 2 min read

Desde que adotei a dieta vegana, muitos carnistas me sugerem consumir ovos e laticínios de pequenos produtores - de tal maneira, continuaria a evitar as grandes indústrias e teria a garantia de que os animais que produzem tais são bem tratados. Essa é a lógica do bem-estar animal, linha de pensamento dentro da ética animal que defende que desde que se supra as necessidades básicas dos animais e se evite o sofrimento desnecessário, é legítimo cria-los, até mesmo para a exploração e consumo de seus corpos.


Correndo o risco de soar ingênua, não seria todo sofrimento causado a outrem desnecessário? Como se garante o bem estar de um indivíduo que não tem nem mesmo o direito de ir e vir?


A meu ver, a noção de bem-estar animal serve única e exclusivamente para aliviar a consciência de quem não tem coragem para se posicionar contra o mal que vemos no mundo. O conceito de bem-estar é subjetivo e diz respeito não ao que o animal sofre, mas ao sentimento de quem lhes inflige tal sofrimento ou se beneficia dele. A verdade é que vivemos em uma sociedade vítima de kakothymía - termo proposto pela Dr. phil. Sônia T. Felipe que designa deficiência moral que leva à ruindade. O ser humano especista se julga tão superior aos animais não humanos que tem o direito de vida e morte sobre eles.


A luta abolicionista vai contra a corrente de tais práticas. Ao nos recusarmos a consumir um alimento, medicamento ou qualquer outro produto que contribua para o sofrimento animal, desassinamos um contrato antropocêntrico que legitima que eu ponha meus interesses frente aos de qualquer outro indivíduo. Temos o poder de escolher o fundamento moral de nossas decisões. Temos o poder de romper com um ciclo de maldade. Temos o poder de tratar nós mesmos e o próximo, seja ele humano ou não humano, com respeito.


Cito as belíssimas palavras da Dr. phil. Sônia T. Felipe, “(...) Respeito é um gesto de abstenção de fazer aquilo que se pode e se tem força para fazer. Respeito pelos animais é abster-se de fazer isso: de tirar a vida ou condenar à escravidão seres vulneráveis. Respeito pela vida dos outros animais quer dizer abster-se de mover-se no sentido de lhes privar da liberdade e do bem que é próprio deles”.


Portanto, assim como cabe a cada um de nós a responsabilidade pela devastação ambiental e da nossa própria saúde em consequência da dieta animalizada que mantemos, cabe a cada um de nós encararmos nossa kakothymía e fazermos nossa parte para supera-la. A tomada de consciência sempre é dolorosa, porém, é o primeiro passo para uma vida de felicidade completa.




Animastê,

Maria Luísa Macedo

 
 
 

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