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Ser amado

  • Maria Luísa Macedo
  • Mar 1, 2016
  • 2 min read

“O que é real?”, perguntou o Coelho um dia, quando estavam deitados lado a lado perto da grade do berçário, antes que a Nana viesse arrumar o quarto. “Significa ter coisas que zunem dentro de você e uma manivela?”


“Ser real não tem a ver com a forma como você é feito”, disse o Cavalo de Pelo. “É uma coisa que acontece com você. Quando uma criança te ama por muito, muito tempo, não só para brincar, mas te ama de verdade. Então você se torna real.”


“Dói?”


“Às vezes sim”, respondeu o Cavalo de Pelo, pois ele era sempre sincero. “Quando você é real não se incomoda em ser ferido.”


“Acontece de uma vez só, como quando dão corda”, perguntou ele, “ou vai aos poucos?”


“Não acontece de uma vez só”, respondeu o Cavalo de Pelo. “Você vai ficando. Leva um bom tempo. É por isso que não acontece muito com os que se quebram fácil, ou têm ponta fina, ou precisam ser tratados com muito cuidado. Geralmente, quando você chega a ser real, a maior parte do cabelo já foi amorosamente arrancada, os olhos saltaram pra fora, você está bem surrado e desconjuntado. Mas essas coisas não têm a menor importância porque, quando você é real, nunca é feio, exceto para quem não entende.”


The Velveteen Rabbit, Margery Williams

Confiar é muito difícil. Confiar em quem amamos é mais difícil ainda.


Amar te faz vulnerável.


Quando amamos alguém, queremos dar a essa pessoa o melhor de nós. Quando amamos alguém, queremos mostrar a essa pessoa nosso melhor lado. Todavia, ao compartilharmos com o ser amado nossa subjetividade, ele também pode enxergar nossa sombra, todos os nossos defeitos dos quais temos conhecimento e vergonha. Isso é assustador.


Tendo isso em mente, o grande desafio de uma relação amorosa, seja conjugal, de amizade ou entre membros de uma família, é confiar no amor de quem amamos. Confiar que essa pessoa nos enxergará como realmente somos e ainda assim nos amará. Confiar no amor do ser amado significa nos mostrar bons e ruins e acreditar que mesmo assim seremos aceitos, seremos prezados.


Sim, é assustador. Mas também é incrivelmente libertador. É o que te possibilita se tornar real.


Portanto, proponho que busquemos acreditar que somos dignos do amor que recebemos. Proponho que não tenhamos vergonha de chorar, gritar, dançar... Proponho que façamos papel de ridículo. Enfim, proponho que amemos e que, acima de tudo, confiemos no amor de quem nos ama!



Animastê,

Maria Luísa Macedo

 
 
 

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