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Introdução à astrologia: regências e exaltações

  • Bruno dos Santos Costa
  • Jul 13, 2016
  • 9 min read

Na primeira parte de nossa introdução, falamos sobre os quatro elementos primordiais, e na segunda os combinamos com os três movimentos, nos dando os doze signos do zodíaco. Antes de entrarmos em detalhes sobre os signos, astros, etc., precisamos considerar a questão das regências, que é absolutamente essencial para o entendimento de um mapa.


Temos abaixo as tabelas com os símbolos que correspondem aos devidos astros e signos, com a cor indicando o elemento principal de cada (vermelho é fogo, etc…). Sugerimos ao estudante de astrologia fazer suas próprias associações em relação aos símbolos e elementos; por exemplo, podemos ver ‘antenas’ em ambos os astros de ar. No entanto, o importante por ora é saber associar intuitivamente o significante ao significado (mesmo que o significado, no fundo, não possa ser expresso em palavras ou imagens!).

N.B.: Quíron é um asteroide, e portanto não figura nas regências, mas é bom saber logo o seu símbolo.

Regências e Domicílios


Que relação podemos então fazer entre os signos e astros? Como vimos na discussão dos elementos, ambos denotam arquétipos no mínimo similares, a diferença principal sendo que signos têm uma natureza abstrata, de ‘ideia’, enquanto os astros são as manifestações dinâmicas, as ‘ações’ dos arquétipos.


A ação de um astro varia de acordo com o signo (e a casa) no qual se encontra. Marte, por exemplo, agirá de maneira ativa e vigorosa se estiver num signo de fogo, e de maneira mais lenta ou paciente se estiver num signo de terra. Os casos particulares são chamados de ‘domicílio e exílio’ e ‘exaltação e queda’.


Cada astro se encontrará “em casa” em determinado signo (ou dois), ou seja, nesse signo poderá se expressar de acordo com sua natureza essencial, tornando sua ação mais forte e presente. Igualmente, haverá signos onde os astros têm de agir de forma contrária a sua natureza, tornando-os igualmente marcantes (compare uma obra de arte muito bonita a uma muito feia: ambas chamam atenção do mesmo jeito).


Abaixo temos uma mandala que mostra os domicílios e exílios de cada astro de acordo com a tradição astrológica. Não encontramos ainda Urano, Netuno e Plutão, pois estes planetas só seriam descobertos a partir do séc. XVIII. No caso, Saturno, por exemplo, está domiciliado em Aquário e Capricórnio – em outras palavras, Saturno ‘rege’ Aquário e Capricórnio. Inversamente, Saturno estará em exílio em Câncer e Leão, os signos opostos aos domicílios do planeta

Ao girarmos a mandala 30 graus para a direita, vemos que há uma lógica por trás dessas colocações: acima do horizonte estão os astros que estão ‘além’ do diâmetro da órbita da Terra, Marte, Júpiter e Saturno, e abaixo do horizonte os que estão ‘aquém’, Vênus, Mercúrio, o Sol e a Lua.

Há algum tempo, o jogo mudou. Foram encontrados mais três planetas* orbitando nosso Sol, planetas que não são visíveis a olho nu. Ora, isso causou todo tipo de problema para a interpretação dos mapas. Por um lado, temos aqui corpos cuja existência deve refletir os princípios do Sistema Solar; por outro, não há como negar que o sistema tradicional era válido e consistente.


Hoje em dia, o mais comum é vermos Urano, Netuno e Plutão como os novos regentes de Aquário, Peixes e Escorpião, respectivamente. Até certo ponto, parece fazer sentido, sobretudo porque fica mais clara a associação dos astros aos signos através dos elementos. Com relação à prática tradicional, costuma-se dizer que Aquário, por exemplo, é ‘co-regido’ por Urano e Saturno – uma leitura que permite unir o novo ao velho.

No entanto, continuamos com uma série de problemas. A lógica linear das ordens dos astros não se aplica mais, pois nesse caso por que Plutão não seria regente de Áries, ou Urano de Capricórnio? Além disso, tal sistema estaria em conflito com o sistema usado durante centenas de anos pela astrologia, sem contar que qualquer casa que fosse regida por Plutão mal passaria por mudanças, já que Plutão é tão lento (ainda não deu nem uma volta completa desde que foi descoberto).


Parece que, quanto mais desenvolvemos uma lógica moderna para as regências, mais encontramos impasses. É por esse motivo que nós enfatizamos a importância da diferença entre domicílio e regência. Ou seja, o fato de um devido astro estar domiciliado em um certo signo não significa que ele necessariamente terá a capacidade de reger as casas onde se encontra o signo.


De fato, nossas pesquisas parecem corroborar a ideia de que apenas os 7 astros tradicionais têm a capacidade de reger casas ou dispor outros astros – o que não significa que os astros modernos não têm influência alguma. Em outras palavras, os astros não-tradicionais apenas não fazem ligações entre as casas. Se Plutão, por exemplo, pudesse reger as casas, teríamos dificuldade em explicar por que o planeta-anão Eris não o faria também, considerando que Eris é maior e mais pesado que Plutão.


Portanto, quando formos estudar as regências das casas, usaremos a tabela tradicional de regência, e trataremos os demais astros como informação adicional, não essencial. Mais adiante explicamos como fazer isso.


Abaixo está a tabela com os domicílios dos astros, que é muito importante para entender o estado cósmico dos astros, ou seja, sua capacidade de agir em cada mapa. Uma pessoa, por exemplo, com Saturno em Capricórnio no Ascendente será muito mais “saturnina” que uma pessoa com Saturno em Câncer no Ascendente, pois Saturno age muito mais naturalmente em Capricórnio

Originalmente, considerávamos que o Sol poderia estar domiciliado em Câncer e a Lua em Leão, de forma que a tabela de domicílios ficaria mais equilibrada, mas hoje em dia entendemos que o Sol e a Lua são astros à parte, os princípios universais de masculino e feminino.


Abaixo temos uma mandala com os domicílios propostos.

Certos fatos parecem corroborar a lógica. De Áries até Escorpião, os signos são todos regidos por astros ‘sólidos’ (a exceção talvez do Sol, que é tecnicamente gás e plasma, mas é de maior efeito que qualquer pedra). Áries é, inclusive, o signo do ‘nascimento’, e Escorpião o signo da ‘morte’. De Sagitário a Peixes, temos os planetas gasosos (imateriais) regendo os signos frequentemente referidos como (trans-)‘sociais’ – suas conotações estão além da expressão individual, o que certamente irá causar toda série de problemas quando eles ‘encarnam’ num ser humano. Como veremos adiante, será um problema particularmente para Saturno, um planeta gasoso que rege um signo de terra – eis as origens da ‘compensação’ capricorniana.


Exaltações


Em seguida, iremos passar brevemente sobre as exaltações e quedas dos astros. Se é difícil encontrar os princípios por trás das regências, para as exaltações é mais ainda, tanto que não nos sentimos seguros para afirmar nada com certeza em relação a elas – nossa lógica é tentativa apenas. Abaixo, apresentamos uma tabela com as exaltações que usamos. As quedas são, como para os exílios, os signos opostos. Marte, por exemplo, está exaltado em Capricórnio e portanto em queda em Câncer, e vice-versa para Júpiter. Marte de fato ganha força em Capricórnio, e perde força em Câncer.

Ainda não se encontrou o mecanismo exato por trás desse impulso, mas há uma possibilidade. Considerando que, na astrologia, o movimento anti-horário indica progressão – é a ordem em que “andam” os signos – as exaltações parecem encorajar essa progressão. Ou seja, o Sol em Áries encoraja o movimento até o signo de Leão, seu “lar”. É curioso que o aspecto entre os signos de domicílio e exaltação é fácil (sextil, trígono) no caso dos astros ditos benéficos e difícil (quadratura) no caso dos maléficos.


Essa é a lógica que nos faz atribuir a Escorpião, Sagitário, e Leão, respectivamente, as exaltações de Urano, Netuno, e Plutão. Nesse cenário, por serem considerados maléficos, eles “andam” por quadratura. Essa lógica também sugere que o quincúncio, aspecto formado entre a exaltação e o domicílio de Sagitário, não é um aspecto negativo, como consideram muitos astrólogos.


É importante lembrar, finalmente, que os domicílios e exaltações, assim como seus inversos, afetam a capacidade do astro em questão de agir (usamos esse termo metaforicamente – na prática, os astros mostram correlação, não causação), mas que isso não significa que é algo necessariamente bom ou ruim para a pessoa – afinal, o lixo de um é o tesouro de outro. Por exemplo, Marte está exilado no signo de Libra, portanto quem tem esse fator no mapa terá mais dificuldade para agir de forma marciana, de brigar e competir. Ora, para um diplomata, esse aspecto parece mais favorável para a realização de seu trabalho do que um Marte forte, explosivo. Ou seja, o signo no qual se encontra um astro será bom ou ruim para o próprio astro, não para a pessoa.


As casas


Nesta seção, não entraremos em detalhes a respeito das casas. O essencial é saber que elas são análogas aos signos, mas não idênticas. Ou seja, enquanto Áries tem uma qualidade de ar por ser um signo, uma ideia abstrata, a Casa I tem uma qualidade de terra, por ser uma casa, ou seja, a manifestação ‘encarnada’ do arquétipo. Para não confundir, deixamos claro que Áries é essencialmente um signo de fogo – é o fato de ser signo que traz certo grau de ar.


Usamos os algarismos romanos para significar as casas para que não haja confusão com os números arábicos 1, 2, …, 12, que seriam a expressão mais básica do arquétipo. Usaremos esse conceito frequentemente, por exemplo ao falar de ‘2-dinheiro’ ou ‘9-longas viagens‘. Com relação às casas, basta conseguir visualizar o seguinte esquema:

A determinação terrestre


É importante mencionar as casas porque consideramos essencial falar da determinação terrestre antes de abordarmos os signos, etc. individualmente. A determinação terrestre, desenvolvida inicialmente por Morin de Villefranche (1583-1656) é talvez o conceito astrológico que mais faz falta na prática da astrologia moderna. A ideia é simples: um astro (ou signo) é um significador universal de determinados assuntos. A Lua, por exemplo, representa a mulher, a mãe, a família, o lar, as raízes, o inconsciente pessoal, etc. Ora, na leitura de um mapa, um trânsito ruim sobre a Lua natal de um indivíduo poderia se manifestar então como qualquer um dos assuntos. Um aspecto de Marte com a Lua poderia ser indicativo de briga com mulher – mas há dezenas de mulheres na vida de uma pessoa. É aí que entra a determinação terrestre.


Não podemos esquecer que signos, astros e aspectos não são ‘concretos’, ou seja, são os mesmos para todos. As casas que são o palco da manifestação individual desses conceitos – elas que determinam o corpo, os objetos físicos, etc. Por exemplo, a ideia de um carro, o movimento de um carro são os mesmos para todos os indivíduos. Seu carro não se move de acordo com leis diferentes do que o meu. No entanto, a ‘encarnação’ do conceito do carro é particular para cada um – uns são grandes, outros pequenos, uns pretos, outros brancos, etc.


Só que se considerarmos apenas a presença de um signo ou astro numa casa, veremos que as possibilidades se esgotam rapidamente. Não podemos dizer que todas as pessoas que têm, digamos, Júpiter na Casa X irão ter ‘sorte’ (Júpiter) na ‘carreira’ (Casa X), certamente não da mesma forma ou através dos mesmos meios. Para particularizar ainda mais, portanto, devemos aplicar a regência dos signos diretamente ao mapa.


Resumindo, é o signo de Gêmeos que remete a ‘carro’, mas para saber sobre o seu carro é necessário analisar sua Casa III e os regentes respectivos. As regências determinam a manifestação individual das influências dos ciclos do Sistema Solar. Consideremos o mapa (incompleto) abaixo de exemplo:

Digamos que queremos analisar o assunto ‘parceria’. Para tanto, precisamos observar a Casa VII da pessoa, ou seja, a ‘encarnação’ do conceito de parceria em sua vida. O signo de Capricórnio está no início (ou ‘cúspide’) da Casa VII. Por si só, isso indicaria uma parceria com uma pessoa de características capricornianas, ou seja, séria, responsável, etc. Não podemos, no entanto, nos contentar com tal análise – afinal, 1/12 das pessoas terá ênfase em Capricórnio. Precisamos, portanto, ver os regentes.


O regente de Capricórnio (e portanto da Casa VII do indivíduo) é Saturno, que se encontra na Casa XI. Já vemos aí que a pessoa formará uma parceria, mantendo uma análise simples, com alguém que pertence a um grupo social do qual participa (Casa XI) e de forma lenta e gradual (Touro), ou que conhecerá seu parceiro através de um desses grupos sociais ou ideológicos.


Agora, essa parceria seria de negócios ou casamento? Nesse caso devemos analisar outros fatores, de acordo com a circunstância. O objetivo aqui é mostrar que devemos partir dos elementos mais essenciais para em seguida ir adicionando detalhes. Ao mesmo tempo, isso não significa cair no erro de grande parte dos astrólogos modernos e falar apenas de generalizações e frases inertes.


Na próxima seção, iremos iniciar nossa análise dos signos do zodíaco. Gostaríamos de enfatizar que o objetivo da Eris Astrologia é de trazer novas perspectivas ao conhecimento já existente, então encorajamos os leitores a buscar diversas fontes para um entendimento mais completo do assunto. Não abordamos, por exemplo, a mecânica celeste em nosso guia, mas é um conhecimento imprescindível para se entender a física por trás dos ciclos planetários. Em todo caso, esperamos ter contribuído para a (in-)formação de nossos leitores.


* De fato, hoje em dia não se considera mais Plutão como planeta, e sim como planeta-anão (não por acaso, sua ‘demoção’ ocorreu quando Plutão estava prestes a entrar em Capricórnio, signo da ‘caída’). No entanto, isso é apenas uma questão de semântica. O nome que damos a Plutão não muda em nada seu efeito (ou, mais precisamente, o efeito que está correlacionado a ele). Ora, se o efeito de Plutão é nítido no mapa, acreditamos que mais estudos são necessários para determinar o efeito de outros corpos do Sistema Solar, como os outros planetas-anão (e mais especificamente Eris, é claro).



Bruno dos Santos Costa, astrólogo

Fonte: https://erisastrologia.wordpress.com/introducao-a-astrologia-regencias-e-exaltacoes/

 
 
 

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