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Capricórnio: introdução

  • Bruno dos Santos Costa
  • Jul 27, 2016
  • 3 min read

“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a verdadeira tragédia da vida é quando um adulto tem medo da luz.” – Platão



Pode parecer estranho, à primeira vista, começar a análise do círculo zodiacal com o signo de Capricórnio, que é, afinal, o décimo signo e não o primeiro. Ora, o zodíaco é exatamente isso, um círculo, e portanto não tem nem começo nem fim – é uma recorrência eterna. Sendo assim, uma análise pode começar em qualquer ponto; seria perfeitamente válido estudar o zodíaco começando em, por exemplo, Gêmeos, e terminando em Touro.

Por que começamos então com Capricórnio? Pelo mesmo motivo que se estuda anatomia na medicina: é necessário conhecer a estrutura de um elemento antes de poder aplica-lo ou manipula-lo. O signo de Capricórnio, assim como seu regente Saturno, representa a estrutura básica do indivíduo, literalmente o esqueleto. Mas podemos ir além disso.


O signo que vem antes de Capricórnio, Sagitário, tem conotações de transcendência. A casa de Júpiter é onde somos julgados (por quem/o que é outra questão), assim como São Pedro julga aqueles que chegam às portas do paraíso. Se o julgamento for positivo, transcendemos o estado em que nos encontramos para algo maior, um retorno à fonte que seja. Se o julgamento for negativo, estamos fadados a viver o ciclo mais uma vez, começando então por Capricórnio.


Resulta que o signo de Capricórnio está associado a uma sensação de ter falhado, ter errado em algum ponto – afinal o julgamento de São Pedro foi que não estávamos prontos para a próxima etapa. Ou seja, o 10º arquétipo traz consigo a ideia de “não deu certo, por onde começamos agora?” Isso parece ir contra o senso comum de que Capricórnio representa “ambição” e “carreira”, mas é exatamente por isso que precisamos tomar cuidado com a definição dos termos usados para descrever um arquétipo (ou seja, talvez realmente não seja uma má ideia começar uma análise em Gêmeos, a etapa onde definimos o significado das palavras).


O que é claro é que, a nível social, não temos uma boa relação com o bode. Vale lembrar que Capricórnio é um signo de terra, frio e seco, e portanto feminino – daí o motivo pelo qual vemos a atribuição de masculinidade a Saturno na astrologia tradicional como problemática, reflexo de um viés repressivo em relação ao feminino. Ora, você não precisa ser Freud para saber que o reprimido sempre retorna.


No capítulo sobre Saturno, entraremos em mais detalhe acerca desse conceito, mas vale lembrar que, dos quatro planetas gasosos que estão domiciliados nos signos de Sagitário a Peixes, Saturno é o único do elemento Terra. Isso nos leva a questionar se, mesmo sendo de Terra, Capricórnio representa algo ‘real’, ‘tangível’, afinal Saturno não é sólido (supõe-se que há um núcleo em Saturno, mas este nunca foi detectado sensorialmente).


Podemos descrever Capricórnio então como a ‘matéria que (ainda) não existe’. É exatamente a fome por matéria que leva aos significados comuns que atribuímos ao signo (Saturno não tinha ‘fome de devorar’?): o que é a ‘carreira’ senão ‘a realização material que ainda não foi feita’?


Qualquer entendimento real de Capricórnio deve passar antes por um entendimento do feminino, e nesse quesito a humanidade certamente deixa muito a desejar. Um exemplo claro é o mito iluminista do progresso eterno, de que tudo se torna, ao longo do tempo, melhor – um conceito que sempre esteve em cheque com a segunda lei da termodinâmica, segundo a qual (sim, grosseiramente) toda matéria tende, a longo prazo, a decair ao nada (felizmente, ao demonstrar que energia e matéria são a mesma coisa – e=mc2 – Einstein nos traz um motivo para termos uma visão mais ‘otimista’ em relação à entropia).


Considerando então que em Capricórnio se registra a não-transcendência, podemos entender melhor as associações do signo com o carma: Capricórnio é nossa ‘memória ancestral’, nossa lembrança inata daquilo que já foi realizado e daquilo que ainda está por se realizar. Ora, aquilo que já foi realizado não tem mais o que nos ensinar: estamos ‘fadados’ a lidar com o desconhecido.


É por esse motivo que preferimos caracterizar o signo não como o popular ‘subir a montanha’, mas como o ‘descer da montanha (já que cheguei ao cume e não subi aos céus)’, uma ideia corroborada pelo fato de visualmente, na roda zodiacal, Capricórnio ser o início de uma queda (tomando o movimento natural anti-horário das progressões planetárias).


Como nossa proposta é de expandir os arquétipos zodiacais a todos os campos da realidade (e não só fazer a comum ‘astrologia de personalidade’), dividirmos nossas análises em quatro partes, baseadas nos quatro elementos, como delineado em nossa introdução. Portanto, estudaremos os signos sob a ótica das quatro funções psíquicas do ser humano: a desconstrução filosófica, Ar; a ciência material, Terra; o simbolismo mítico, Fogo; e o psiquismo, Água. Dessa forma, esperamos prover recursos a todos, independentemente de seus talentos ou dificuldades naturais.



Bruno dos Santos Costa, astrólogo

Fonte: https://erisastrologia.wordpress.com/capricornio-introducao/

 
 
 

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