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Capricórnio: ciência

  • Bruno dos Santos Costa
  • Aug 11, 2016
  • 11 min read

“Um especialista é uma pessoa que cometeu todos os erros que podem ser cometidos em uma área específica.” – Niels Bohr



Matéria cardeal: o ponto de partida da encarnação


De tempo em tempo, uma revista ou um jornal de alta circulação publica uma matéria na qual supostamente desbancam a astrologia, mostrando que no círculo zodiacal hoje em dia há 13 constelações, e que estão em posições diferentes ao zodíaco clássico. Ora, qualquer aluno de Introdução à Astrologia sabe te dizer que signo e constelação são duas coisas diferentes. A astrologia ocidental se baseia nos ciclos da própria Terra – os astros nada mais são do que os ponteiros de um ‘relógio cósmico’.


Os desenhos das constelações, assim como os símbolos que atribuímos aos signos, são de certa forma arbitrários, no sentido que são criações da mente humana, não características inerentes dos arquétipos. Quando falamos então de Capricórnio, por exemplo, estamos apenas usando um nome. A verdadeira essência de Capricórnio é sua natureza elementar, o signo cardeal de Terra. Portanto, todos os seus significados são na verdade derivados dessa essência. Sendo assim, transliterando o conceito de ‘Terra cardeal’, temos Capricórnio como sendo o ‘início da encarnação material’.


Como vimos na parte anterior, a mera existência da matéria implica uma certa ‘falta’, um ‘fracasso’: há uma realização a se desenvolver ainda. Consideremos o óvulo fertilizado por um espermatozoide: só podemos dizer que o ‘futuro indivíduo’ passa a ‘existir’ se o óvulo se ‘fixar’ no útero da mãe. Todos os dias, milhões de óvulos ao redor do mundo são fertilizados, mas grande parte acaba sendo expulsa do corpo na menstruação. É somente a partir do momento em que a célula se fixa que ela começa a se multiplicar.

Partindo do do esquema acima, fica claro por que o signo de Capricórnio, e por extensão a Casa X, representa a ‘mãe’ mais do que o ‘pai’. Se Áries é o nascimento do indivíduo, decorre que o que vem antes de Áries – o 4º quadrante – representa a existência antes do nascimento, a gravidez. Antes de nascer, e até certo porto depois de nascer, o bebê não tem concepção do ‘pai’ ainda – toda sua experiência foi determinada até esse momento pela ‘mãe’.


Não surpreende portanto que a passagem de Plutão por Capricórnio tem trazido à tona a controversa questão do aborto. Ao deixarmos o aborto no ‘submundo’, pouco importa o ‘certo’ e o ‘errado’ da questão, pois o problema de verdade é que, tornando o aborto ilícito, não podemos ter estatísticas e estudos confiáveis a respeito do assunto. Dessa forma, o aborto deixa de ser um barômetro do tipo de ‘doença’ que aflige a sociedade. Se não conhecemos os sintomas, como iremos determinar a doença que nos aflige?


Ambos os lados do debate irão concordar que, em um mundo ideal, não haveria nenhum aborto. Ora, abortos existem, independentemente da intensidade da repressão. Isso indica que houve alguma ‘falha’, seja do 10-governo ou da 4-família. Se não pudermos olhar para nossas próprias feridas, nunca iremos curá-las.


Mencionamos na introdução o fato que os astros domiciliados nos signos de Sagitário a Peixes são gasosos. Isso implica que esses signos têm um certo grau de ‘imaterialidade’ ou ‘irrealidade’ – são o mundo ‘fantástico’ no qual não há individualidade como a concebemos. Gases não se diferenciam muito. Quando uma mulher descobre que está grávida, o futuro filho passa a existir, mas por ora somente como conceito. É apenas em Áries, signo do primeiro(/último) astro rochoso, Marte, que o ‘corpo’ do filho passa a ‘existir’. Antes disso ele só existe como ‘gás’.


Faz sentido portanto que várias mulheres que escolhem abortar o fazem por associar a gravidez a uma noção de ‘falha’ ou ‘fracasso’ – o fato de estarem grávidas sem querer significa que alguém falhou em relação a alguma 10-responsabilidade. Por outro lado, mesmo se a gravidez é levada a termo, essa sensação de culpa precisa ser resolvida (ou ao menos refletida) para que uma 10-depressão pós-natal não dê as caras.


Uma gravidez nos relembra constantemente que não atingimos a 9-transcendência, pois estamos agora fadados com uma responsabilidade por outro ser. Vemos então por que o fato de grande parte das religiões rejeitarem o conceito da reencarnação é um sintoma da repressão do feminino: sim, ‘reencarnar’ implica que ‘falhamos’ em algum lugar, mas é apenas entendendo como e onde falhamos que poderemos ter alguma esperança de transcender.


Fica claro também por que o vasto corpo de estudos que essencialmente comprova a reencarnação é reprimido a ponto de que fingimos que não existe. Pelos critérios de qualquer outra ciência, a reencarnação é um fato comprovado, mas isso é uma noção com a qual preferimos não lidar pois a reencarnação implica que, no fundo, talvez sejamos de fato responsáveis por tudo aquilo que acontece com nós.


Talvez faça sentido para o bode recrutar a ajuda de um escorpião (como o Dr. Ian Stevenson), que o lembrará que a ‘morte’ não implica uma finalidade permanente; muito pelo contrário, é preciso que algo ‘morra’ para que outra coisa possa ‘nascer’. Infelizmente, sendo Escorpião feminino como Capricórnio, nossa sociedade ainda tem que aprender a lidar melhor com eles (elas??). Reparem como as características frequentemente atribuídas aos dois signos são popularmente consideradas ruins: “Ave, aquela escorpiana vingativa”, etc.

Lembrando que o reprimido sempre retorna, podemos ver a obesidade típica da cultura ocidental como mais um sintoma da repressão do feminino (ao engordarmos, nos tornamos mais ‘redondos’ – e o círculo é a forma feminina). A partir do esquema acima, entendemos a obesidade como sintoma da indiferenciação entre a ‘fome’ e a ‘gula’ – pulamos a etapa de Peixes (quando vem o ‘ronco’ – palavra usada no contexto do 12-sono) e partimos diretamente para a 2-ingestão.


Gandhi tinha a Lua em Leão na Casa X, indicando uma grande capacidade de controlar (Leão é um signo integrativo fixo) a ‘fome’. Talvez ele possa servir como 5-exemplo de uma valorização (ver o ‘ouro’, o ‘lado brilhante’) da ‘fome’: é da ‘fome’, da sensação de ‘ausência’, que nasce o ‘desejo’, e quem sabe se soubermos diferenciar a ‘gula material’ da ‘fome espiritual’ teremos uma oportunidade de entender como o que nos falta é exatamente aquilo que nos define.


O nêutron


O século XX pode ser considerado o início da ‘era atômica’ da humanidade – o que certamente é válido do campo da ciência, pois foi no começo do século que o ‘modelo atômico’ começou a ser demostrado empiricamente. Esse modelo atômico (física quântica à parte) descreve o átomo (Adão) como sendo composto de três partículas essenciais, o próton, o elétron, e o nêutron.


Portanto, se o átomo é a unidade material primordial (sim, cientistas vão nos falar de quarks e outras partículas, mas o entendimento do cidadão comum raramente vai além do (ou mais abaixo que o) átomo – infelizmente nosso conhecimento não é tão abrangente. Como o elemento Terra é o arquétipo básico da ‘matéria’, podemos dividir a unidade básica da matéria, o átomo, em três, atribuindo as partículas aos signos da seguinte forma:

Enfatizamos, no esquema acima, a origem etimológica da palavra ‘matéria’ – ‘mater’, ou ‘mãe’ em latim (reforçando nosso conceito de que Capricórnio é a ‘Mãe’ – e que nos faz refletir acerca do exílio da Lua no signo). Ao ‘encarnar’, uma consciência toma, de certa forma, a matéria emprestada do mundo no qual ela encarna. Esse conceito é central ao entendimento da veneração histórica da Grande Mãe (pelo menos a história ocidental até a difusão em massa do monoteísmo). Quando éramos fetos, usávamos exatamente a matéria ingerida pela mãe para formarmos nosso corpo. Na ocasião de nossa morte, devolvemos essa matéria emprestada de volta à Terra-Mãe.


Por que fazemos então essa associação de Capricórnio ao nêutron? Consideremos as propriedades da partícula. Ao contrário do próton e do elétron, o nêutron não tem carga magnética, não é nem positivo nem negativo. Nesse sentido, podemos dizer que o nêutron é a ‘matéria indiferenciada’, a matéria que já existe mas que ainda não ‘escolheu’ se é positiva ou negativa. Ela é ‘+’ e ‘-‘ puramente em potencial. É exatamente a ‘falta’ de carga magnética que torna o nêutron tão difícil de detectar.


Em 1910, com Saturno iniciando sua passagem por Touro, o conceito do átomo composto por um núcleo positivo e uma nuvem de elétrons negativos estava consolidado. No entanto, havia um problema de ‘massa’ – deve haver o mesmo número de prótons que elétrons, mas as medições sugeriam que os núcleos dos átomos eram mais ‘pesados’ que deveriam ser de acordo com o número de elétrons. Havia alguma ‘matéria negra’ faltando.


Dez anos depois, Ernest Rutherford sugere que existe uma partícula ‘neutra’ no núcleo do átomo que explicaria a massa adicional. Foi justamente nessa época que Saturno fez conjunção com o Sol em Virgem de Rutherford – que por sua vez faz um trígono com Saturno em Capricórnio natal. Nesse momento vale lembrar que Saturno é o último planeta visível a olho nu. É o guardião do Sistema Solar, o portão de interação com o coletivo/superior/etc., o que sugere que os trânsitos de Saturno podem ser vistos como ‘portas’ para oportunidades de ‘concretizar’ um anseio social ou até humano.

Por volta dessa época, o físico James Chadwick, cujo Saturno natal está em Virgem, passava por seu primeiro retorno de Saturno, e passou a seguinte década buscando evidências ‘concretas’ da existência do nêutron. Seria necessário que Saturno chegasse a seu ‘retorno natural’ em Capricórnio para que a existência do nêutron fosse comprovada.


No começo da década de 30, com Saturno finalmente ‘tornando à casa’, vários experimentos já deixavam bem ‘claro’ que o ‘escuro’ de fato existia. No entanto, ainda faltava um refinamento – várias teorias foram propostas e derrubadas: Saturno precisava percorrer toda sua jornada por Capricórnio para que sua lição fosse aprendida. Finalmente, em 27 de fevereiro de 1932, três dias após Saturno entrar em Aquário, Chadwick publica sua demonstração experimental da existência do nêutron.


Podemos assim entender o que representa Capricórnio no processo científico. Não basta ter uma 9-intuição acerca da resposta a um problema. É preciso testar e experimentar, fazer medições e mais medições. É apenas após uma demonstração empírica, ‘experimental’ que podemos dizer que temos uma 11-teoria válida.


A própria palavra ‘experimento’ sugere uma qualidade saturnina: ‘ex-‘ e ‘peri-‘ indicam que um experimento implica na ‘saída’ do ‘perímetro’ – em outras palavras, a ‘queda’ a partir dos limites materiais da natureza, representados por Saturno. Saímos da ‘fronteira’ em direção ao ‘coração’. Para isso, é necessária uma vivência material, para que haja diferenciação, pois no ‘pleroma’ transsaturnino tudo existe em potencial, assim como em um nêutron existem in potentia um próton e um elétron.


Não se precipite, no entanto, em dizer algo do tipo “ah, então Capricórnio só serve pra pesar e mais nada?” Veja bem, a ‘realização’ precisa passar antes pela ‘realidade’. No mundo imaginário, ou ‘Jardim do Éden’, tudo é possível e tudo coexiste. Ora, se tudo existe é justificável dizer que nada existe (são os dois lados da mesma moeda), daí a necessidade de um ‘mundo real’ para que tenhamos a verdadeira oportunidade de fazer escolhas.


Para finalizar, é por isso que não absolvemos as religiões ou culturas orientais em relação ao viés contra o feminino. Sim, de fato, hinduístas e budistas estão mais abertos ao conceito feminino de reencarnação, mas por outro lado enfatizam de certa forma uma ‘fuga’ do material – muitas vezes às custas de uma ‘integração’ do material. Se estamos caindo da montanha, é porque decidimos anteriormente escalar até o topo.


O (endo)esqueleto e a memória cármica


Como explicamos na introdução, em Capricórnio há um sentimento de ‘fracasso’, de que algo não foi aprendido. Ora, para evitarmos o mesmo erro no futuro, é necessário que nos lembremos do que foi (ou não) feito no passado. A natureza nos provê com a estrutura necessária para que as mudanças pelas quais passamos sejam ‘transmitida adiante’ – o DNA. Mas nem precisamos considerar isso do ponto de vista da espécie: todo ser humano passa por várias ‘mortes’ e ‘renascimentos/reencarnações’, no mínimo uma vez por dia.


É nesse princípio que se fundamenta o conceito de ‘memória muscular’ – quanto mais repetimos uma devida ação, mais ela se torna automática, parte do Sistema. Quanto mais um atleta treina, mais ‘sólida’ sua performance no momento da competição. Vendo o zodíaco como uma mandala fractal que pode ser observada em diversos níveis, a noção espírita de que tendemos a reencarnar nas mesmas famílias começa a fazer sentido.


Capricórnio representa então a ‘memória cármica’, aquilo que é ‘preservado em pedra’ para as futuras encarnações. Sendo que a memória (no mínimo a genética) é preservada ao longo de gerações, somos obrigados a concluir que a memória não se localiza necessariamente nos neurônios, como a medicina moderna entende, mas em algum lugar mais ‘obscuro’.


Estudos sobre a reencarnação são baseados em relatos de (geralmente) crianças – cuja ligação com a memória ancestral ainda não foi inteiramente reprimida – de coisas das quais simplesmente não poderiam ter conhecimento. Se as ‘lembranças’ são armazenadas fisicamente, isso não é possível – e no entanto acontece. Somos forçados a rejeitar a hipótese que a memória é ‘física’ – no caso de feridas cerebrais, não é a memória que é perdida, mas sim a capacidade do cérebro de ‘recuperar’ essa memória.


Desenvolvendo essa linha de pensamento, devemos também questionar a hipótese de a memória ser ‘individual’ – filhos se ‘lembram’ de coisas que foram aprendidas pelos pais, e assim por diante. A memória, nos parece, “fica” em algum lugar no ‘pleroma’ (é complicado usar o verbo “ficar” nesse contexto pois no ‘pleroma’ coletivo de Sagi-Peixes o ‘espaço’ e o ‘tempo’ não existem como os concebemos).


Podemos entender agora a relação de Capricórnio com o corpo humano: representa tudo aquilo que ‘permanece’, mesmo quando nossa consciência não está no mundo ‘real’. Capricórnio é nossa ‘estrutura material primal’, aquilo que resta quando o proverbial ‘cordão prateado’ é cortado – em termos simples, aquilo que sobra quando morremos: ‘ossos’, ‘dentes’, ‘unhas’, ‘cabelo’, etc. Nesse sentido, devemos entender que quando se atribui o ‘joelho’ a Capricórnio, se está falando da ‘patela’, e não da flexibilidade do joelho como um todo.


Sendo Câncer o signo oposto a Capricórnio, vale comparar a ‘estrutura óssea’ do bode e do caranguejo. O bode, sendo mamífero, possui um ‘endoesqueleto’, uma estrutura óssea interna, enquanto o caranguejo, sendo artrópode, possui um ‘exoesqueleto’, de estrutura externa. A vantagem do exoesqueleto é que ele forma uma carapaça que protege o animal do ambiente. No entanto, se a carapaça é ‘perfurada’, os órgãos internos ‘moles’ não têm muita chance. Por outro lado, o endoesqueleto deixa o animal mais suscetível a cortes, batidas, furos, e assim por diante, mas sua resistência a grandes choques é muito maior.


Resulta que trânsitos (ou outras influências) de astros ‘difíceis’ – Marte, Saturno, Urano, Plutão – frequentemente se manifestam na forma de uma ‘estrutura esquelética’ abalada. Em Guerra nas Estrelas, o mercenário Han Solo é representado por Harrison Ford – por mais que um ator esteja fazendo seu melhor para ‘incorporar’ outra pessoa, nunca deixamos de ser quem somos, e por isso os papéis mais ‘memoráveis’ de um ator serão aqueles que se alinham proximamente com seu mapa natal.


No mapa fica claro por que foi tão ‘fácil’ para o Harrison interpretar um mercenário – o Ascendente em Libra com a Vênus em Gêmeos sugere uma capacidade de ‘jogar dos dois lados’, e o stellium em Câncer na Casa X nos indica que sua ‘estrutura interna’ puxa para a 4-moralidade muito mais do que a 10-ética.


Ou seja, a partir do momento em que Han Solo ‘cumpriu seu contrato’, ele se sentirá livre para fazer o que ‘estiver afim’ de fazer. A princípio, ele decide não se envolver com a guerra entre os rebeldes e o Império. No entanto, como bom libriano, ele parece entender que tudo requer uma boa dose de ‘equilíbrio’, e que às vezes precisamos fazer o que é 10-correto mesmo quando arriscamos nossa 4-autossuficiência.


E já que estamos falando de ‘ossos’, vale notar que em junho de 1983, quando Júpiter e Urano em Sagitário faziam oposição à conjunção natal de Saturno e Urano em Gêmeos, Harrison teve uma hérnia de disco que o forçou a suspender temporariamente sua participação nas filmagens de Indiana Jones e o Templo da Perdição. Nesse caso, podemos ver Urano ‘rompendo’ a capacidade de ‘ficar vertical’ (eixo 10-4). Já em março de 2015, com Saturno em Sagitário fazendo a mesma oposição, Harrison esteve num acidente de avião, no qual quebrou a pélvis e o calcanhar. Talvez a ‘estrutura interna’ dele esteja ‘lembrando-o’ que toda matéria está ‘destinada’ a decair…



Bruno dos Santos Costa, astrólogo

Fonte: https://erisastrologia.wordpress.com/capricornio-ciencia/

 
 
 

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