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Setembro Amarelo: Eu tenho um transtorno mental

  • B.
  • Sep 8, 2016
  • 2 min read

Acho muito bonito todas as pessoas colocarem em seus facebooks frases copiadas sobre aceitação de pessoas com transtornos mentais, mas me pergunto se vocês tão realmente preparados para lidar com isso. Não falo isso como se as pessoas fossem incapazes de aceitação e cuidado, mas até para as pessoas que tem esses problemas é difícil essa aceitação e autocuidado. Às vezes, demoramos anos pra nos aceitarmos nessas condições frente as consequências sociais de um diagnóstico que é tão complicado e julgador, que eu pergunto: vocês estão prontos pra aceitarem o outro e se aceitarem?


Eu fui diagnosticada com Transtorno Bipolar há 5 anos atrás. Sempre romantizei os dias que eu tava feliz, ansiosa, brava, os dias em que estava tão triste que não conseguia sair da cama. Eu sempre romantizei minhas mudanças de humor pra não ter que lidar com elas. Eu não busquei ajuda, porque eu me achava diferente das pessoas que tinham esse transtorno. Eu não queria me rotular, eu não queria ser julgada pelos meus amigos e família.


É muito foda falar de diagnóstico com alguém como eu, que acredita que o diagnóstico não define quem você é, e acha que você pode viver da melhor forma possível e que sempre fui contra medicamentos. Porém em alguns momentos você vê a necessidade deles para entender alguns comportamentos que temos pra podermos curá-los de forma mais prática, mais rápida, com mais aceitação.


Meu diagnóstico não é quem eu sou, mas ele influencia na forma que eu lido com as coisas, na forma que eu enxergo a vida, na forma que eu sinto. E nesse setembro amarelo, eu percebi que preciso de ajuda.


Hoje eu comecei meu tratamento pra amenizar a forma como eu sinto as coisas, tomei essa decisão depois de perder a pessoa com a qual eu mais me importei na vida e que mais me cuidou por não conseguir lidar com meus impulsos, minha ansiedade. Comecei esse tratamento pra tentar melhorar por mim e pra não fazer as pessoas passarem pelo que eu as faço passar. Comecei pra me entender mais e aprender a lidar comigo, conhecer meu corpo e meu psicológico. Comecei pra não ser alguém tóxico.


E aí, eu volto na minha pergunta, vocês estão prontos pra escutar e compreender as nuances de alguém com transtorno sem falar que a pessoa é mimada; que ela tem tudo na vida, não precisa se sentir assim; falar que não acredita na pessoa por ela parecer “normal”; que as coisas vão passar; que ela tá fazendo drama? Vocês estão prontos pra aceitarem essa pessoa sem taxá-la pelo simples diagnóstico? Vocês estão prontos pra verem o sujeito e suas dores fora desse rótulo psiquiátrico?


Hoje eu to pronta pra me aceitar, me assistir e me preparar pra vida sabendo que com esse rótulo, eu vou entender o que se passa, mas nunca arranjar justificativas através dele. Vocês estariam preparados pra me acolherem nos meus dias bons e ruins? Vocês estão prontos pra não me julgar? Vocês estão prontos, como sociedade, em me acolher? Vocês me ajudariam a caminhar e a me enxergar sem serem taxativos? Vocês me aceitariam de volta e me conheceriam de novo?



B.



 
 
 

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